segunda-feira, 31 de agosto de 2009

agora vou-me calar e ficar à espera da tua voz.

sabes, os meus olhos acendem-se com o sol destes dias. respiro melhor mas vejo o que não previ, que o tempo não é linear e agora anda em círculos. tudo regressa ao teu sorriso. e tu partiste ou partiu o teu sorriso, porque tu sempre moraste no teu sorriso. o teu sorriso. sabes, agora vou-me calar e ficar à espera da tua voz.

sábado, 29 de agosto de 2009

encerramos ao fim-de-semana.

Eva Mahn

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

gostei de te rever sem te olhar.

gostei de te rever sem te olhar. o teu tímido reflexo e os teus poderosos caracóis ainda agitam o ar à minha volta. não sei se viste os meus olhos explodir, viste? tu ainda sabes criar aquele fogo de especiarias de excitação e deixar-me com cargas tremendas de dor. até esta minha prosa degolada parece crueldade.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

às vezes sou também um sim alegre ou um triste não

"Às vezes é no meio do silêncio que descubro o amor em teu olhar. É uma pedra ou é um grito que nasce em qualquer lugar. Às vezes é no meio de tanta gente que descubro afinal aquilo que sou. Sou um grito ou sou uma pedra de um lugar onde não estou. Às vezes sou o tempo que tarda em passar e aquilo em que ninguém quer acreditar. Às vezes sou também um sim alegre ou um triste não. E troco a minha vida por um dia de ilusão... e troco a minha vida por um dia de ilusão. Às vezes é no meio do silêncio que descubro as palavras por dizer. É uma pedra ou é um grito de um amor por acontecer. Às vezes é no meio de tanta gente que descubro afinal para onde vou. E esta pedra e este grito são a história daquilo que eu sou. "
Maria Guinot, 'Silêncio é tanta gente"

terça-feira, 25 de agosto de 2009

hoje parece bastar um pouco de céu.

"Só hoje senti que o rumo a seguir levava pra longe

Senti que este chão já não tinha espaço pra tudo o que foge

Não sei o motivo pra ir só sei que não posso ficar Não sei o que vem a seguir mas quero procurar E hoje deixei de tentar erguer os planos de sempre Aqueles que são pra outro amanhã que há-de ser diferente Não quero levar o que dei talvez nem sequer o que é meu É que hoje parece bastar um pouco de céu Um pouco de céu Só hoje esperei já sem desespero que a noite caísse Nenhuma palavra foi hoje diferente do que já se disse E há qualquer coisa a nascer bem dentro no fundo de mim E há uma força a vencer qualquer outro fim Não quero levar o que dei talvez nem sequer o que é meu É que hoje parece bastar um pouco de céu Um pouco de céu"

"Um pouco de céu" de Mafalda Veiga, in 'Tatuagem'

sábado, 22 de agosto de 2009

encerramos ao fim-de-semana.

Patrick Demarchelier

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

contigo tenho a sensação dos cegos.

tu não suportas nada que transtorne a tua viagem.
contigo tenho a sensação dos cegos.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

daqui, vejo-te ao perto com o longe da minha cabeça.

daqui, vejo-te ao perto com o longe da minha cabeça.
daqui, flui o nosso passado
por entre o presente
que se recusa a interpretá-lo.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

fingir que está tudo bem.

fingir que está tudo bem: o corpo rasgado e vestido
com roupa passada a ferro, rastos de chamas dentro do corpo, gritos desesperados sob as conversas: fingir que está tudo bem: olhas-me e só tu sabes: na rua onde os nossos olhares se encontram é noite: as pessoas não imaginam: são tão ridículas as pessoas, tão desprezíveis: as pessoas falam e não imaginam: nós olhamo-nos: fingir que está tudo bem: o sangue a ferver sob a pele igual aos dias antes de tudo, tempestades de medo nos lábios a sorrir: será que vou morrer? pergunto dentro de mim: será que vou morrer?, olhas-me e só tu sabes: ferros em brasa, fogo, silêncio e chuva que não se pode dizer: amor e morte: fingir que está tudo bem: ter de sorrir: um oceano que nos queima, um incêndio que nos afoga.
José Luís Peixoto

terça-feira, 18 de agosto de 2009

por um sorriso teu (não sabes até onde eu chegaria).

Você não sabe quanta coisa eu faria Além do que já fiz Você não sabe até onde eu chegaria Pra te fazer feliz Eu chegaria Onde só chegam os pensamentos Encontraria uma palavra que não existe Pra te dizer nesse meu verso quase triste Como é grande o meu amor Você não sabe que os anseios do seu coração São muito mais pra mim Do que as razões que eu tenha Pra dizer que não E eu sempre digo sim E ainda que a realidade me limite A fantasia dos meus sonhos me permite Que eu faça mais do que as loucuras Que já fiz pra te fazer feliz Você só sabe Que eu te amo tanto Mas na verdade Meu amor não sabe o quanto E se soubesse iria compreender Razões que só quem ama assim pode entender Você não sabe quanta coisa eu faria Por um sorriso seu Você não sabe Até onde chegaria Amor igual ao meu Mas se preciso for Eu faço muito mais Mesmo que eu sofra Ainda assim eu sou capaz De muito mais Do que as loucuras que já fiz Pra te fazer feliz

domingo, 16 de agosto de 2009

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

por tu existires, vejo melhor.

Quando eu não te tinha
Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo. Agora amo a Natureza como um monge calmo à Virgem Maria, Religiosamente, a meu modo, como dantes, Mas de outra maneira mais comovida e próxima ...
Vejo melhor os rios quando vou contigo
Pelos campos até à beira dos rios; Sentado a teu lado reparando nas nuvens Reparo nelas melhor — Tu não me tiraste a Natureza ... Tu mudaste a Natureza ...
Trouxeste-me a Natureza para o pé de mim, Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma, Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais, Por tu me escolheres para te ter e te amar, Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente Sobre todas as cousas. Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou.
Alberto Caeiro

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

porque gosto de te ter por perto.

Ask me where I go tonight I go back to today last year. Me and you had to make each other happier, now there's hope with everything. It's hard enough to feel the world as it is and hold on anything. Without these quiet times you've brought round here. I'm Gonna have to run away, I'm sure that I belong some other place. I've seen another side of all I've seen it keeps me wondering where my family is. It's hard enough to see the world as it is, and hold on anything. Without these quiet times coming round here. Now I miss you... Now I want you... But I can't have you... Even when your here...
Suppose I have to take you with me, broken mind I'd rather leave you here. To forget everything you've seen and known erase every idea. And you walk up in the street, and hold my hand and smile. Well I won't be taken in, cus I know how it turns out. And it takes me back to these quiet times coming round here. Now I miss you... Now I want you... Your not coming back... And I need you... But I can't have you... Even when your here...

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

morri nele.

morri nele. no teu corpo (onde já adormeci).
agora pergunto por mim, onde já não há nós.
a minha dor, eu aprendi.
mas ainda não renasci.

sábado, 8 de agosto de 2009

encerramos ao fim-de-semana.

kishin shinoyama

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

só para apertar-te a mão.

© Paulo Alves | 2009
eu queria subir, aqui, contigo. só para apertar-te a mão e fazer dos teus olhos eléctricos irmãos dos meus. lá em cima mostrar-te-ia as nuvens perfeitas e todo o sol iluminado em mim. e depois queria descer contigo. e apertar-te a mão.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

ainda ali fiquei algum tempo...

© Paulo Alves | 2009
Aproximei-me de ti; e tu, pegando-me na mão, puxaste-me para os teus olhos transparentes como o fundo do mar para os afogados. Depois, na rua, ainda apanhámos o crepúsculo. As luzes acendiam-se nos autocarros; um ar diferente inundava a cidade. Sentei-me nos degraus do cais, em silêncio. Lembro-me do som dos teus passos, uma respiração apressada, ou um princípio de lágrimas, e a tua figura luminosa atravessando a praça até desaparecer. Ainda ali fiquei algum tempo, isto é, o tempo suficiente para me aperceber de que, sem estares ali, continuavas ao meu lado. E ainda hoje me acompanha essa doente sensação que me deixaste como amada recordação.
Nuno Júdice, in "A Partilha dos Mitos"

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

coisa fácil e avulsa esta de pedir companhia.

tu não fazes ideia.
regresso a casa tão devagar e perco-me no tráfego da cidade.
ligo o rádio, ligo o ipod, e ouço o que está para lá.
estou só.
coisa fácil e avulsa esta de pedir companhia.

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