quinta-feira, 13 de agosto de 2009

por tu existires, vejo melhor.

Quando eu não te tinha
Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo. Agora amo a Natureza como um monge calmo à Virgem Maria, Religiosamente, a meu modo, como dantes, Mas de outra maneira mais comovida e próxima ...
Vejo melhor os rios quando vou contigo
Pelos campos até à beira dos rios; Sentado a teu lado reparando nas nuvens Reparo nelas melhor — Tu não me tiraste a Natureza ... Tu mudaste a Natureza ...
Trouxeste-me a Natureza para o pé de mim, Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma, Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais, Por tu me escolheres para te ter e te amar, Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente Sobre todas as cousas. Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou.
Alberto Caeiro

1 comentário:

  1. Que bonito título escolheste.
    Já vi que este heterónimo é o teu favorito. Eu também gosto muito do poeta das sensações e da natureza.

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